Bolsonaro pediu a hacker para "grampear" Alexandre;governo teria ouvido ligações do ministro;tudo aqui

O plano para "grampear" o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, que também é membro do Supremo Tribunal Federal (STF) não é tão recente como diz o senador Marcos Do Val (Podemos-ES). O assunto vem se arrastando desde setembro do ano passado, segundo revela o hacker Walter Delgatti, preso por "granpear" procuradores e o então juiz da Lava Jato, hoje senador, Sérgio Moro (União-PR). Bolsonaro teria admitido que já interceptou ligações de Moraes.

Na versão de Delgatti, contada à coluna Maquiavel, da revista Veja, o próprio Jair Bolsonaro teria proposto o "grampo" do ministro Moraes. Ele diz:“eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra (...) Ele (Bolsonaro) falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei beleza. Aí ele falou: ‘E depois disso você tem o céu'", teria dito o hacker à coluna.

O hacker entrou no circuíto bolsonarista em agosto de 2022, através de Zambelli, a primeira pessoa do grupo, até então aliada, a falar com Delgatti. Os dois se encontraram em Brasília, no dia 10 de agosto. Naquele momento, o assunto era a alegada fragilidade das urnas eleitorais. Bolsonaro queria que o hacker trabalhasse para provar que a urna á passível de fraude.

No mês seguinte, Zabelli novamente aciona Walter Delgatti, agora, para falar diretamente com o então presidente Bolsonaro. Segundo relato de Delgatti, a deputada comprou um aparelho celular e um chip que foram usados pela primeira ou única vez, para um contato o presidente. Delgatti disse que a conversa foi rápida e Bolsonaro teria dado a ele a missão de gravar o minstro Alexandre de Moraes. 

A coluna da Veja ainda diz que  "na suposta conversa com o hacker, Bolsonaro teria dito que já haviam conseguido interceptar mensagens internas trocadas entre Moraes e servidores da Justiça, nas quais o magistrado estaria discorrendo sobre supostas vulnerabilidades das urnas e uma preferência pelo candidato Lula. Esse ponto deveria ser explorado na imprensa para alegar a suspeição do ministro e tirá-lo da condução do processo eleitoral. O hacker topou de imediato a oferta e ficou de prontidão, aguardando novos contatos do núcleo duro do bolsonarismo para tratar do assunto".

O hacker diz que chegou a procurar um funcionário de uma operadora de telefonia, oferecendo dinheiro para que ele o ajudasse no grampeamento do magistrado.

Para dar certo, o funcionário teria que fornecer um chip com o mesmo número usado por Moraes, mas se recusou a participar do crime. Segundo a coluna Maquiavel, a conversa telefônica entre Delgatti e o funcionário da operadora foi gravada (sem o conhecimento de Delgatti).

 CONTRADITÓRIO O senador Marcos Do Val conta desde a semana passada, com várias versões para a mesma história, que ele teria sido procurado pelo ex-deputado Daniel Silveira e participado de reunião com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada (residência oficial do presidente) para tratar do mesmo assunto: grampear Alexandre de Moraes.

Em razão de suas contradições, o senador passou a ser investigado por ordem de Moraes. Seu telefone e de Silveira foram periciados e os policiais extraíram conteúdos para cruzar os dados e descobrir o que de fato aconteceu.

A Jovem Pan News tenta ouvir os envolvidos, mas até o fechamento desta reporragem, nenhum deles havia retornado para se manifestar sobre o assunto.